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Foto: YouTube 

 

RODRIGO LESTE
(     BRASIL – MINAS GERAIS )

 

 

ENTRELINHAS , VERSOS CONTEMPORÂNEOS MINEIROS.   Organização: Vera Casa Nova, Kaio Carmona, Marcelo Dolabela.  Belo Horizonte, MG:  Quixote + Do Editoras Associadas, 2020.  577 p.  ISBN 978-85—66236-64—2            Ex. biblioteca de Antonio Miranda


Maquiavelejo nas ondas
dos abismos culturais,
Nostrandando por futuros improváveis
aRimbaudiando os porões da ignorância
e da mesquinharia,
clowndicando, às vezes,
mas sempre me desdobrando
em Pessoa.


Mais valia

Eu trabalho
Tu trabalhas
Ele morcega
Nós trabalhamos
Vós trabalhais
Eles deitam e rolam


M u l h e r e s

Ficar numa esquina babando,
vendo desfilar pelotões de beldades
as mais lindas, deliciosas, eletrizantes,
pequenas da cidade,
de todas as idades, tipos, cores, tamanhos.
Algumas tímidas, discretas,
outras exultantes, atrevidas;
uma despudoradamente provocantes,
outras pudicamente excitantes,
passam de calças justas,
acentuando as formas e curvas,
veem de sai, vestido, short, macacão.
azul, vermelho, bege, cinza, xadrez,
estampado, de bolinhas,
seguem de salto alto, baixo, sandália,
bota, tênis,
trazem anéis, pulseiras, brincos, colares
gargantilhas, correntes, coisas reluzentes,
fetiches, feitiços,
têm cabelos curtos, longos, cacheados,           lisos,
soltos, coques, laços, fitas, búzios, contas,
são tantas,                                                guizos;
lindas, feias, gordas, magras, altas, baixas,
sonsas, santas, tontas, sábias.
Mulheres das arábias,
mulheres do haréns,
mulheres das igrejas,
das aves-marias, dos améns,
mulheres do Caribe,
mulheres de grosso calibre,
mulheres de quem
você só quer saber de ficar livre.

Mulheres, Mulheres, Mulheres,
guerreiras amazonas disparando setas letais,
modelos  nas revistas disparando olhares fatais,
mulheres de neón, plástico, borracha
humanóides de silicone,
andróides fabricados em laboratório
tentando imitar a sua perfeição,
mulheres vendendo coisas,
provocando escândalos,
desnudando a intimidade
para provocar desejos.
Mulheres maquiadas:
blush, rímel, baton,
mulheres de cara lavada,
bijuterias, jóias, balangandãs,
perfumes diversos, hálito de hortelã;
mulheres depiladas,
cabelos ruivos, louros, castanhos, negros, verdes.
Mulheres armadas,
mulheres desamadas,
mulheres amadas,
mulheres desalmadas,
mulheres pra toda a vida,
mulheres pra cinco minutos,
mulheres para uma noitada,
mulheres para se mudar de assunto.

Mulheres, Mulheres, Mulheres,
subindo nos potes,
escorrendo dos edifícios,
borbulhando nos ralos,
se equilibrando nos fios,
brotando das torres das igrejas,
saindo dos troncos das árvores,
emergindo do asfalto,
caindo das nuvens;

mulheres seios imensos,
seios médios, pequenos,
mulheres de sorriso límpido se cativante,
de riso histérico e olhares alucinados,
mulheres pacientes,
mulheres intransigentes,
bundas ovais, redondas, quadradas, triangulares;
uma chuva de mulheres,
mulheres nos raios, relâmpagos, trovões.

— Difícil acreditar
que tudo isso foi feito
com uma mísera costela de Adão.;
 

 

Hendrix: suave fúria

 

— Disseram que foi assassinado.
Talvez (o FBI não confirma).
Aprendeu truques que os garotos pobres
descobrem nas plantações de algodão do Mississipi,
e, podes crer, se entendia bem com o fogo
(isso não aparece na tela da CNN).
Fazia dançar labaredas
como serpentes encantadas
hipnótico faquir do rock and roll,
psicodélico mentor da visionária sinfonia
de utópicos corações
( a CIA investiga o assunto).
Desconcertos para uma guitarra assombrada,
arrepiando as cruzes e apagando archotes
(a KKK prepara terrível vingança).
Pesadelo pros limitados ouvidos
de Kissinger e Dick Nixon
(faz parte o index criado pela Life Magazine).

Negro, cigano, chicano, índio, asiático,
cucaracha, hippie, dandy, junkie,
outsider, fresk, alien
e o tributo à terceira Pedro do Sol.
Uma bandeira azul, vermelha e branca,
cheia de estrelas,
esfrangalhada ao vento em Woodstock
(o Pentágono se preocupa muito).
—Lá vai Jimi,
tocando as cordas da guitarra
com os dentes,
abusando de microfonias e distorções
reinventado a música de cada palco,
vítima da suave fúria
dos que morrem de deliberada inanição
ou bebem estrelas
até se engasgarem no próprio vômito.
 

 

Cowboy

Todo cowboy tem uma vaca;
todo cowboy tem uma noiva.
Só eu é que sou um cowboy
sem vaca e sem noiva
por isso ando por aí a cobiçar
as noivas e as vacas alheias.
Na noite de ontem, quando entrei no sallon,
olhei diretamente para dentro
dos olhos da noiva de Billy Joe
e a noiva de Billy Joe olhou
diretamente para dentro do meu olho.
Billy Joe é um facínora consumado,
assassino
sanguinolento,
conhecido em nossa região
como campeão de cuspe à distância.
Quando Joe nos viu olhando um para o outro,
partiu célere na minha direção
fungando com um trem assassino;
não tive dúvidas: saquei da pistola
e atirei bem no meio de seus olhos!
E, como não deixar de ser,
caí de boca na boca da noiva de Billy Joe.

— Afinal, todo cowboy tem o seu dia
de Brad Pitt.

 

*
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Página publicada em maio de 2024


 

 

 
 
 
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